Estava na fila de um banco quando observei com que dificuldade as pessoas idosas retiravam, dos caixas eletrônicos, os seus vencimentos de aposentadoria. Às vezes, humildemente, confiavam suas senhas e números de contas bancárias à estranhos para poder faze-lo.
Num outro dia fui abordada por uma senhora que me pediu para ajudá-la a fazer uma ligação para sua filha com um cartão de um telefone público (orelhão). Então pensei que como cidadã, eu deveria fazer alguma coisa! Porque não começar um projeto de inclusão digital com um pequeno grupo de pessoas idosas?
Foi daí, que em março de 2004, montei um projeto de inclusão digital para a “Maduridade”. E que se desenvolveu de junho a agosto do mesmo ano. Foi um trabalho de pesquisa a começar pela escolha destas pessoas. Eu queria atingir uma determinada parcela da sociedade. E neste caso, a que mais necessitava de urgência. Deveriam ser pessoas acima de 55 anos, pois fazem parte de uma geração que não conheceu, nem viveu com tecnologias. Também deveriam ser pessoas que tivessem pouco estudo, no máximo até a 4ª série do ensino fundamental, pois alcançaríamos também, uma classe social ainda menos privilegiada quanto a utilização das tecnologias. Formamos um grupo de nove pessoas.
Nosso primeiro obstáculo foi o medo do desconhecido, da máquina, e o segundo a falta do conhecimento mínimo da língua estrangeira: o inglês! As dificuldades foram sendo sanadas aos poucos e em conjunto: Eles e eu.
O projeto se estendeu por três meses, e em cada dia de aula, era uma etapa que estava sendo vencida. Eles vibravam com todas as etapas, mas quando começaram a enviar e receber e-mails, e navegar pela web sentiram-se como se pudessem abraçar o mundo!
Tivemos que criar nosso próprio vocabulário para definirem teclas e expressões em inglês como “por exemplo” a tecla Shift ficou conhecida por eles como “casinha”, o editor de texto Microsoft Word, eles chamavam de “escritor”. E assim conheceram e aprenderam a utilizar um computador, um caixa eletrônico, um vídeo cassete e uma TV, um telefone público e um celular.
Foi uma experiência fantástica e inesquecível, tanto para mim como para eles. Alguns deles ganharam computadores dos familiares e outros compraram seus próprios computadores com recursos que tinham na poupança, e até hoje trocamos e-mails de vez em quando.
D. Dilma apresentando para os colegas seu trabalho em P. Point.
Dna. Célia de 76 anos digitando poesias de sua autoria.
Depois do lanche, assinavam a ficha de freqüência.
Estavam sempre dispostos a aprender!
Seu Nico sempre tinha uma piada nova pra nos contar.
D. Valdéia adorava visitar sites para ler mensagens religiosas.
Aqui estão alguns dos alunos da turma, e eu no meio deles.
Mafalda Canarim da Silva - NTE de Criciúma/SC
7 comentários:
Olá Pessoal!!
Vocês estão ótimos!! Cada um buscando utilizar a tecnologia pra criar e buscar coisas que interessem!!Isso é que é importante.
Imagino que hoje, mesmo sem o projeto, vocês estão cada vez mais espertos na tecnologia!!
Um abração e parabéns!!
Beatriz
Olá, Mafalda,
Parabéns pelo projeto, pois demonstrou não só o aspecto tecnológico, mas principalmente uma preocupação social.
Um abraço!
Delcio
NTE - MG 18
Caratinga - MG
Que maravilha de projeto!!! Adorei... Deve ter sido muito gratificante... ver aqueles olhinhos brilhando diante do desconhecido... e depois ver a alegria deles ao perceber que são capazes!!!!
Beijos!!
Andréa - Curitiba
Foi um projeto maravilhoso, as pessoas não queriam mais que acabasse o curso. Nós do NTE de Criciúma tivemos o prazer de acompanhar este projeto com a Mafa, foi muito bom.´
Marga
Olá Mafalda!
Interessante mesmo tua iniciativa, teu trabalho "maturidade". Também já ví muito disso nas filas de caixa.Um marco na história destas pessoas pode ter certeza, lembrarão sempre de vc quando forem para bancos ou outras repartições. Fazer realmente o que é aplicável no dia-a-dia é gratificante.
Sucesso sempre
marise
NTE/SMOeste
Querida Mafa,
Parabens pela inicitava e por acreditar que o exercício da cidadania independe da idade que se tem.Certamente é referência para outros projetos.
Abraços
Cleusa
Mafalda!
Acho que não há preço que pague a alegria dos participantes desse curso. Isso sim é inclusã digital e mais que isso: solidariedade, humanidade. lugar pra todos. Parabéns!
Marli
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